A questão da medicação

Tive a iniciativa de escrever sobre esse tema por dois motivos principais: o primeiro é que no meu dia a dia vejo que muitas pessoas são dependentes de medicamentos psiquiátricos por anos e não procuram psicoterapia; o segundo é que mencionei essa temática no primeiro texto publicado no blog intitulado “Um olhar sobre o adoecimento existencial” e gostaria de discorrer um pouco mais sobre esse assunto.

Atualmente as pessoas tem tanta necessidade de se livrar de sintomas que ficam dependentes de medicamentos psiquiátricos sem se dar conta de que a medicação não é necessária para a vida toda. Muitas vezes vejo isso como falta de informação ou mesmo como um comodismo, porque de certa forma toda medicação prescrita pelo psiquiatra visa “suspender” de maneira imediata todos aqueles sentimentos negativos dos quais o paciente se queixa, essa é uma bela forma de se livrar de todo mal estar com rapidez. Pois bem... É exatamente aí que se faz importante fazer um comparativo entre o acompanhamento psiquiátrico e a psicoterapia.

Sim, em muitos casos a medicação é importante para possibilitar que o paciente dê conta de continuar vivendo apesar de todos os problemas e dificuldades, porém isso se torna negativo quando o uso da medicação acaba se prolongando por anos.

A psicoterapia se faz importante para toda e qualquer pessoa, porém é mais importante ainda para os pacientes psiquiátricos. De que adiantará você tomar cartelas e cartelas de remédios, frequentar a consulta com o psiquiatra uma vez ao mês por anos se você não busca compreender qual/quais aspectos da sua vida favorecem o surgimento dessa gama de sentimentos negativos? É justamente aí que está o valor da psicoterapia, pois nas sessões com o psicólogo você poderá discorrer sobre todas as questões de sua vida, e o psicólogo irá acolher escutar e fazer intervenções (perguntas e pontuações) que visam favorecer o autoconhecimento e a ressignificação dos fatos vividos, possibilitando novas reflexões para que o paciente encontre um novo modo de lidar com as situações da sua vida, de maneira mais harmoniosa.

Diante do trabalho do psicólogo clínico em psicoterapia, novas possibilidades de compreender a dinâmica vivencial podem surgir, porém o papel do profissional será de mediador, sendo o próprio paciente o responsável pela sua jornada.

As duas áreas, psicologia e psiquiatria se complementam e são importantes na vida de muitos pacientes, mas nem sempre o paciente será acompanhado pelas duas áreas. Se estiver acompanhado em psiquiatria é estritamente importante que faça psicoterapia para que a medicação não entre em um ciclo vicioso favorecendo que o paciente não se atente as questões que possibilitam o surgimento desses sentimentos negativos. No entanto

, se estiver em psicoterapia poderá não necessitar dos medicamentos, conseguindo por si só, dar conta de sua jornada existencial.

Autora:

Fernanda Carvalho Araújo Vitorino

Psicóloga

CRP: 06/124664